Tava escuro, Karina tentava abrir os olhos e se sentia sonolenta. Alguma coisa incomodava seus pés e suas mãos. A garota não sabia onde estava e o que se passava. Eis que ela ouve a voz do seu namorado:
- Karina? Tá acordada? Karina? Tá tudo bem?
- Pedro? O que está acontecendo? Por que está tão escuro e onde estamos? Não estou me sentindo muito bem.
Karina respondeu tentando se estabilizar.
- Não sei que lugar é esse. Mas, se você não percebeu ainda, estamos juntos um ao outro e amarrados, sentados no chão. Eu acordei faz uns trinta minutos. Tenho quase certeza que Karol injetou alguma droga em nós, para poder fazer algo conosco aproveitando que ficamos debilitados.
Antes de Karina falar mais alguma coisa, uma luz finalmente acende, e eles ouvem passos de alguém entrando no lugar estranho, e uma voz irônica soando pelo ar:
- Acordaram dorminhocos?
Com nenhuma surpresa, era Karol.
- O que você vai ganhar com isso? Do que adianta nos prender assim? Nos ferir, nos drogar?
Pedro questionou enquanto estava amarrado nos pés e nas mãos com sua namorada.
- Não seja dramático. Não sou tão má assim. Até cuidei dos ferimentos de vocês enquanto dormiam.
Karol falou com ironia, prontamente sendo interrompida por Pedro:
- E por que não nos matam logo?
Karol sorri e chega perto do casal que se mantém imóvel:
- Own. Por que você é tão bobinho? Eu já disse o que quero. Só quero ter você pra mim. E como já saquei o quanto gosta da minha irmãzinha, sei que não toparia nada sem ela. E por ser uma santa que sou, ainda ofereci dividir você com ela. Fico extremamente satisfeita. Só que Karina sempre foi gulosa querendo as coisas só pra ela, não é? Minha irmãzinha preferida.
Karina fica enfurecida com tanto cinismo e tenta se soltar das cordas enquanto grita com Karol:
- Você vai se ver comigo. Seja mulher suficiente em resolver isso no braço, não seja covarde em tentar me desfigurar com um tiro mais uma vez.
- Você ainda não aprendeu a lição? Eu não quero matar ninguém. Mas, caso não aceitem minha proposta, terei que tomar providências. Não vou deixar barato. Não vou jogar fora todo esse meu esforço. Pensem direitinho, vocês tem o tempo todo aí juntinhos nesse quarto para decidirem viver juntos, e comigo, lógico. Ou abrir mão da vida um com o outro.
Karol fala com tom forte, colocando o casal contra a parede.
- E vocês devem tá assim revoltadinhos porque estão com fome. Toma a comidinha dos bebês.
Fala a garota jogando ração de cachorro em cima de Pedro de Karina e saindo do quarto rindo alto.
Pedro ficou muito confuso sem saber o que dizer, mal conseguia pensar em algo. Enquanto Karina pensava em um plano de como se livrar de Karol:
- Temos que sair desse lugar. Não podemos ficar aqui esperando ela voltar para nos matar.
Karina falava, pronta à luta.
- Esquentadinha, eu confesso que estou com medo e muito doido com tudo isso. Eu transei com ela sem camisinha. Ela pode mesmo ficar grávida de mim.
Pedro falou, assumindo seu medo.
- Você não está pensando em ceder o que essa louca essa propondo né?
A garota já estava ficando mais nervosa, e Pedro então desabafou:
- Eu não sei. Não sei de nada meu amor. Mas, na noite do dia dos namorados, antes disso tudo acontecer, eu tive um sonho, na verdade um pesadelo. E nesse pesadelo acontecia algo muito parecido com isso tudo. Logo depois, eu tive outro sonho com um bebê. E como aconteceu na vida real, algo semelhante ao meu sonho com sua irmã, posso está louco, mas acredito que ela pode ficar grávida de mim, sim.
- Não acredito que você vai se deixar levar por um sonho. Não seja idiota, é só um sonho e por mais que aconteceu alguma coisa que você sonhou, você não é médium pelo que eu saiba. Essas coisas acontecem uma, entre um milhão de vezes. E se ela estiver grávida ou não o problema não é nosso, ela que armou isso. Eu sei que você transou com ela porque pensava que era eu. Te perdoo por isso, aliás, não tenho nem o que perdoar, você não sabia da existência dela. O que temos que pensar agora é uma maneira de sair daqui. E não vamos ceder as ameaças dessa louca.
Karina responde, e não perdendo mais tempo, continua:
- Ela tomou todo cuidado de não nos colocar em um quarto com janelas. Essa vabagunda tirou todos os objetos desse quarto. E o que nos resta são essas rações, o chão, as cordas, as paredes, o teto, e essa a porta de madeira. Tudo que fizermos tem que ser silenciosamente pois ela pode ouvir e vim nos matar na mesma hora.
Pedro fica ansioso para pôr em prática algum plano:
- E o que vamos fazer?
Karina então se mostra focada:
- Todo lugar tem um defeito. Aqui também deve ter. Esse lugar é velho. Ela tirou tudo daqui, mas deve ter sobrado algo. Vamos procurar com nossos olhos.
Não demorou muito pra Karina avistar o defeito no quarto que poderia ajudar o casal.
- Bingo. Aquilo pode nos ajudar.
Karina falou esperançosa.
- O que você viu?
Pedro ficou curioso mas, Karina estava com pressa de se soltar:
- Não temos tempo pra muita conversa, apenas tente se arrastar comigo até aquela parede que está à minha frente.
Os dois então começaram a se arrastar e depois com algumas dificuldades finalmente chegaram ao lado da parede.
- Agora ta vendo isso aqui? Não enxerguei mal. É o que tava prensando. Dois pregos grandes colocado nessa parede. Devia servir para segurar alguma coisa baixa, antes. Vamos esfregar com muita força as cordas, que conseguiremos nos soltar.
O casal começou a passar as cordas sobre o prego com muita força e depois de alguns minutos conseguiram o que queriam:
- Estamos soltos, meu amor.
Falou Pedro dando um beijo na sua namorada.
- Só conseguimos a primeira etapa. Ainda teremos que enfrentar a vagabunda. A porta está trancada. E eu tenho um plano.
Karina continuava seu raciocínio:
- Você me coloca nos braços, e como esse teto não é alto, pegarei essa lâmpada. Ainda temos essas cordas e fingiremos que estamos ainda amarrados, para quando ela se aproximar, atingirmos ela com a lâmpada, e por termos mais força que ela, por ser dois contra uma pessoa. Conseguiremos pegá-la, prender com essas cordas e chamar a polícia.
- E isso vai dar certo?
Pedro tinha dúvidas da veracidade do plano, mas ajudou a namorada a pegar a lâmpada que usaria no golpe.
- Se vai dar certo ou não, saberemos agora.
Karina respondeu enquanto ouvia os passos de sua irmã se aproximando.